sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexão a partir das teorias psicológicas e sua visão de aprendizagem

O grande desafio do educador ou educadora é ensinar, tornar a aprendizagem uma realidade na vida do educando. O desafio se constitui em dilema e reflexão, a aprendizagem torna-se o objeto de estudo de várias vertentes do conhecimento.

A proposta deste texto é atiçar a questão caminhando por entre alguns dos principais elementos das teorias psicológicas de aprendizagem, o comportamentalismo, o construtivismo e a psicanálise.

Um dos princípios básicos do comportamentalismo diz que toda a ação carregada de satisfação será repetida e então aprendida, ou seja, a base da aprendizagem está na satisfação alcançada em uma ação. Em outras palavras, poderíamos nos indagar sobre a forma da satisfação, do prazer, pois ao descobrir tal essência poderíamos relacioná-la com conteúdos então tidos como adequados.

Podemos nos perguntar sobre: o que as pessoas estão aprendendo? Aquilo que lhes dá prazer hoje revela também um conteúdo? Alguns prazeres são latentes, construídos socialmente e brotam internamente em cada indivíduo como algo que lhe pertence. Podemos pensar sobre alguns tópicos que relacionam zonas de prazer, por exemplo, a arte que através dos mais variados segmentos estabeleceu-se como geradora de prazer - poderíamos inclusive falar de arte a partir da estética, do próprio corpo humano. Aprendemos através da moda, através da música e assim por diante.Se o artístico hoje é prazeroso, então constituiu-se como ferramenta de aprendizagem. Que implicações isso possui para educação?

O construtivismo vem reforçar a realidade de que nosso ambiente sócio-cultural é o instrumental pelo qual se despertam os processos internos do indivíduo. A habilidade de estar entre aquilo que o indivíduo sabe e o que existe para aprender é a chave para o desenvolvimento. O reconhecimento de um processo contínuo permite construir a partir de algo já estabelecido, mas acima de tudo reconhecer que sempre há algo novo e dinâmico a ser integrado. Isto nos faz pensar também sobre o conteúdo que envolve cada etapa da vida de uma pessoa, o que seria essencial nos segmentos do ciclo da vida. Qual seria a base correta para cada nova etapa? Que características devem configurar o meio educacional?

Considerando a partir da Psicanálise que aprender depende da razão que motiva a busca de conhecimento e este ato de aprender depende essencialmente de uma relação com outra pessoa, nos perguntamos sobre aquilo pelo que as pessoas se sentem motivadas a buscar o conhecimento e quem são os que estão lhe oferecendo respostas para as curiosidades.

Se pensarmos em um grupo específico, por exemplo os jovens, poderemos identificar caminhos e ao mesmo tempo descaminhos pelos quais a educação é escrita. O prazer, as influências e a razão motivacional podem revelar preocupações em relação ao futuro, ou ainda, apontar respostas para efetivar aquilo que de fato é importante.

Ederson Malheiros Menezes

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Introdução à sociologia

A sociologia é ciência que estuda o homem em grupo e seus comportamentos sociais, morais, culturais, econômicos, entre outros. Desse modo, se junta à compreensão sociológica, a capacidade deste homem que vive em agrupamento, uma ampla análise dos conflitos: como a violência, as guerras, as crises sociais e políticas e também as atitudes de autoritarismo ou submissão de um povo frente à cultura de outro, seja por uma imposição religiosa, política, econômica, etc.

O pensamento sociológico se constitui diante um projeto intelectual tenso e contraditório, que pode ser imposto tanto por seus governantes – imposição sócio-econômica - como por seus governados. Certamente, por ter essas e outras características, podemos constatar que a sociologia representa uma poderosa arma que pode servir tanto aos interesses das classes dominantes, como para movimentos sociais e políticos que trabalham com ideologias de ruptura dessas classes, como MST (Movimento dos sem terra), partidos políticos de esquerda, sindicatos.

Então, diante de tanta contradição, como compreender a sociologia? Para que possamos compreendê-la melhor e esclarecermos esta questão, temos também que compreender outras disciplinas que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso estudo, dentre elas citamos a filosofia, história e a geografia na parte de geo-política, pois a sociologia é um olhar investigativo que sobrevoa esse conjunto de matérias com seus respectivos conteúdos.

Desse modo, podemos entender que a sociologia é uma disciplina que vai nos chamar a atenção para uma tentativa de compreensão de situações sociais novas, criadas por ideologias e condições sociais, ou geográficas que nos auxiliam a entender melhor o comportamento social ou mesmo cultural de um determinado povo.

E, por isso, ela certamente teve a iniciativa de interferir de modo prático e ideológico, desde o seu nascimento, na mera vontade ou tentativa do homem em seus agrupamentos modificar os rumos da civilização.

Como podemos perceber, os interesses econômicos, políticos, de classes sociais, de trabalho, ideológico, são apenas alguns dos diversos aspectos que fundamentam e sustentam o pensamento sociológico.

Prof. Luciano Tavares Torres



QUAL É A ÁREA DE ATUAÇÃO DA SOCIOLOGIA?

Todas as vezes que temos um tempinho e ficamos sentados numa praça observando o vai e vem das pessoas, logo percebemos que algo acontece. Os motivos que levam uma ir e outras vir são diversos, mas, certamente, em todas há um por que disto acontecer.

Contudo, não podemos dizer que a razão disto é somente o trabalho, o dinheiro, a família, o stress da cidade grande, até porque estaríamos reduzindo muito a vidas das pessoas. Na verdade, tudo isto dito anteriormente faz parte do processo de vida do homem em sociedade. Sem dúvida, podemos considerar que é o fato das pessoas conviverem e se relacionarem que é o grande avanço social humano e, para melhor identificar e estudar esse comportamento, as Ciências Sociais se dividiu em quatro áreas específicas de conhecimento e estudo:

- Sociologia – Tem como área de atuação as relações de interação sociais e toda sua forma de associação como seus grupos, suas divisões, as camadas sociais, sua mobilidade social, enfim, tudo o que ocorre na vida em sociedade como cooperação, conflitos e competição na sociedade.

- Economia - Estuda todas as atividades humanas ligadas à produção de bens e serviços, a circulação de moeda e mercadorias, distribuição de renda e lucros na sociedade, o consumo, as políticas sociais de trabalho, emprego, salário, a produtividade de empresas e todo o emprego do capital (dinheiro) na sociedade.

- Antropologia – Pesquisa e estuda toda e qualquer semelhança e diferença existentes entre as diversas culturas e os agrupamentos humanos que ocorrem no mundo. Outra característica é o estudo de determinada sociedade frente à certos problemas e seus respectivos comportamentos ocasionados, sejam por fenômenos naturais, sociais ou econômicos. A leitura e análise da diversidade cultural, o modo de organização familiar, religiosa, da juventude, idoso, da mulher, entre outros, são também objeto de estudos da antropologia.

Ciência Política - Estuda como ocorre a distribuição de poder na sociedade, a sua formação e organização política e governamental, por exemplo; a formação dos partidos políticos, as eleições, entre outros.

Como podemos observar, não existe uma nítida divisão nas áreas de atuação das ciências sociais, embora cada uma tenha um olhar específico para analisar a sociedade. Nesse caso, podemos considerar portanto, a ciências sociais como aquele lugar que nos permite entender melhor a sociedade que vivemos e todos os processos sociais que nos rodeiam.


Prof. Luciano Tavares Torres




O QUE É FATO SOCIAL?

Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é preciso determinar quais são esses fatos. Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento a que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmo efeitos de uma pana propriamente dita.

Aliais, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz. Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo racasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado: mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.

Mesmo quando posso liberta-me desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem sucedidos, tiveram de lutar contra oposição desse tipo.

Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam caracteristicas muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ação: nem com os fenômenos, psíquicos, pois estes só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.




O QUE INTERESSA AOS SOCIÓLOGOS?

Os homens em todo o mundo vivem em grupo. Isto favorece os sociólogos, uma vez que as consequências da vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia. O interesse pelos grupos é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas sociais. Entre outras coisas, os sociólogos querem saber: Por que grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos até mesmo durante as guerras ou revoluções?

Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se casa e assume responsabilidades de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento? Será que as pessoas que vivem em fritos pré-letradas isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em Nova York, ou num subúrbio paraense? Os sociólogos interessam-se igualmente pelas causas das mudanças ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número de divórcios em alguns países do que em outros, e por que o número divórcios aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da cidade para os subúrbios.

Finalmente, os sociólogos estudam o relacionamento entre os membros de um grupo e entre os grupos. Qual è o relacionamento entre marido e mulher e entre país e filho nos Estados Unidos de hoje? Assemelha-se esse relacionamento ao da família americana antiga em outros países? Quais as causas do conflito entre negros e brancos no Sul? O trabalho, a industria e o governo nos Estados Unidos estarão relacionados entre si da mesma forma que os similares na Austrália ou na Rússia?Por que alguns grupos da sociedade possuem riqueza e rnuá prestigio que outros?



COMO NASCEU A SOCIOLOGIA?

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado pai da sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia è estudo dos fatos sociais. Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim: Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir, que todos seguem. Isso é estabelecido. Quando ele entrou no grupo, já existe tal norma quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de se vestir é um falo social.

São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, as religiões, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. Para Durkheim, os latos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características:


• Generalidade - o fato social é comum aos membros de um grupo;

• Exterioridade - o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;

• Coercitividade - os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido.


Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como "coisa". Como a Biologia e a física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais. As obras de Durkheim foram importantíssimas para definir os métodos de trabalho dos sociólogos e estabelecer os principais conceitos da nova ciência. Entre essas obras, destacamos: A divisão do trabalho social e As regras do método sociológico.


BIBLIOGRAFIA:
"O que é Sociologia" - Autor: Carios B. Martins/Introdução à sociologia - Pérsio Santzos de Oliveira
“Filosofia e Sociologia” – Autor: Marilena Chauí & Pérsio Santos de Oliveira


Transformações na sociedade brasileira: política, sociabilidade e religião

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Como estudar e fazer sociologia

Vejamos algumas possibilidades:

Opção 1 - Pode-se dar prioridade a conceitos, criando livros de sociologia que mais se parecem com manuais de decoreba. Definições disso e daquilo, que os estudantes decoram e esquecem. Sociologia contra a sociologia;

Opção 2 – Pode-se dar prioridade a escolas, ou correntes de pensamento, chamando-as de escola funcionalista, escola positivista, etc. O problema é que, muitas vezes, essas tais escolas representam um aglomerado de preconceitos, conjunto de juízos depreciativos das escolas que o autor do livro não aprecia. Sob um manto falsamente científico - que se diz descritivo, mas é muito mais depreciativo do que descritivo -, escreve-se horrores, por exemplo, sobre Durkheim e Comte, acusados de serem funcionalistas e positivistas, já que tais expressões são carregadas de juízos negativos, como se fossem palavrões. Sociologia contra a sociologia;

Opção 3 – Pode-se dar prioridade a autores, como o fez Raymond Aron no livro As Etapas do Pensamento Sociológico. Parte-se da biografia de cada autor e identifica-se sua trajetória investigativa. Os autores são analisados a partir da relação de cada um com a sociedade moderna, que é o grande fato social estudado pela sociologia, além de ser o ponto de partida da existência da sociologia, ciência que nasce e se desenvolve na sociedade moderna (gerada pelas revoluções francesa e industrial), para a compreensão e ordenamento de tal sociedade (compreendendo a sociologia como ciência descritiva, interpretativa, compreensiva e racionalmente prescritiva, e não somente explicativa);

Opção 4 – Pode-se dar prioridade aos fatos sociais. Em vez de se fazer uma espécie de mapeamento conceitual, coisa mais adequada à filosofia social do que à sociologia, faz-se um mapeamento temático, factual, cujo ponto de partida é a transformação do antigo regime em sociedade moderna, por meio das revoluções francesa e industrial (aqui citadas como fatos sociais que se tornaram referências paradigmáticas, sem, claro, descolarem-se da história).

A sociedade moderna é o grande fato permanentemente estudado pela sociologia, com seus desdobramentos fáticos no tempo e espaço. A opção 3 (autores) não incorre em mera ilustração biográfica se permanecer conectada à identificação dos fatos estudados pelos clássicos, como o fez Aron em seu livro já citado.

A sociologia clássica, que estuda os fundamentos da sociologia, tem por objetivo compreender a interpretação elaborada pelos fundadores da sociologia (sobretudo Comte, Marx, Durkheim e Weber) sobre a sociedade (moderna) que surge da transformação revolucionária (revolução em sentido sociológico) do antigo regime; e compreender o método usado pela sociologia no estudo de tal nova (em sentido cronológico, não moral) sociedade. Estuda a sociedade moderna por meio do estudo dos óculos hermenêuticos dos fundadores da sociologia.

Quando a sociologia abandona a centralidade dos fatos, ela retorna à metafísica social, ou seja, deixa de ser sociologia. Não sou contra a filosofia, nem contra a filosofia social, mas contra a opção metodológica de quem não identifica claramente os limites, as fronteiras metodológicas entre filosofia social e sociologia, entre método dedutivo e indutivo. Há pensadores que se dizem sociólogos que navegam em complexos mapeamentos conceituais caracterizados pela ausência (quase) absoluta de referência aos fatos. A troca dos fatos por conceitos divorciados dos fatos caracteriza o abandono prático da sociologia, retorno à metafísica.

Sem fatos não há sociologia. Fatos e hermenêutica dos fatos selecionados (paradigmas) caracteriza o fazer e estudar sociologia. Na sociologia clássica, a referência (e reverência) a Comte, Durkheim, Marx e Weber é, certamente, obrigatória, na compreensão da sociedade moderna por meio do método indutivo (positivista, compreensivo, dialético). Na sociologia contemporânea, a referência a autores como referência central esconde uma injustiça: por que citar este ou aquele autor num universo de centenas de autores? Um autor pode ser mais famoso do que outro pelas circunstâncias editoriais de seu país. Fama editorial e relevância sociológica não são expressões sinônimas.

Além disso, se, de um lado, a sociologia clássica é originária da Europa ocidental, hoje, há sociologia em todos os continentes. Há sociólogos profissionais na América do Sul, Central e do Norte; na África; Ásia; Austrália... A opção pela centralidade dos fatos, com seleção de fatos relevantes em cada um dos 05 continentes, permite uma compreensão menos europeísta da sociologia (contemporânea). O estudo da sociologia contemporânea pode ser feito pela identificação de sociologias temáticas, com seus microfatos específicos (turismo, esporte, moda, consumo, trabalho, religião) conectados ao macrofato permanente: desdobramentos da sociedade moderna no tempo e no espaço, nos cinco continentes.

Há sociólogos europeus, pouco habituados a reconhecer a existência de vida fora do planeta Europa, que referem-se a problemas típicos da Europa ocidental como se fossem problemas de relevância universal. Ou, então, consideram que tudo o que ocorreu ou ocorrerá na Europa, deverá ocorrer igualmente também no resto do mundo. Assim, estudar a Europa de hoje, de ontem e de amanhã seria conditio sine qua non para a compreensão de experiências de outros continentes.

Tal pressuposto da cognição primordial e permanente da Europa como condição para a compreensão do resto do mundo, deixa os sociólogos não-europeus num injusto estado intelectual de subordinação cognitiva. A descolonização da sociologia começaria pela mentalidade daqueles sociólogos não-europeus que conhecem muitos pensadores franceses, alemães, ingleses e muito pouco os fatos vitais de seus continentes de pertença. Tal sociologia extraterrestre (imposta ou escolhida) em relação ao continente de pertença do pesquisador não descolonizado é, também, sociologia contra a sociologia. Que a sociologia tenha se desenvolvido voltada para a Europa, é uma condição normal de nascimento, mas que não precisa se perpetuar, da mesma forma como a filha não permanece para sempre na casa da mãe.

A descolonização (ou normal crescimento) da sociologia torna-se possível por meio da identificação e análise de fatos relevantes em cada continente. Não se trata de ser contra a Europa, terra dos fundadores da sociologia, continente com problemas dramáticos. Trata-se de ser contra certa espécie de complexo de inferioridade intelectual que ainda vitima a mente de sociólogos pertencentes a outros continentes, mas que trabalham como se o resto do mundo fosse eterna filial da matriz Europa.

Seja qual for seu continente de pertença, o sociólogo exerce uma profissão mais próxima a do jornalista e médico do que a do metafísico do social, com seus conceitos que seriam “universalmente” válidos.

Assim como não há jornal sem fatos, não há sociologia sem fatos. A diferença é que o sociólogo, ao contrário do jornalista, permanece por anos com o mesmo fato. O prazo de validade dos fatos sociais é maior do que o prazo de validade dos fatos jornalísticos.

Em suma, a sociologia é factualista, não é metafísica social, não é opção por conceitos distantes dos fatos, mas ciência que estuda fatos caracterizados pela vitalidade, dramaticidade e até mesmo tragicidade. Fatos sociais que não são técnicos (mesmo se estudados com a ajuda de técnicas de pesquisa), mas vitais. Por isso, a relação com a medicina, ciência que, entre outras coisas, descreve patologias (mais ou menos graves) para tratá-las (prescrição).

O sociólogo não pode se dar ao luxo de apenas explicar os fatos sociais(dramáticos, patológicos ou trágicos). Precisa, também, identificar possibilidades racionais de tratamento. Não basta, por exemplo, explicar as diferenças entre sistema eleitoral proporcional e majoritário. É preciso, também, fazer um esforço de compreensão para tentar identificar com critérios racionais qual deles seria melhor para o Brasil de 2011 (reforma política). Assim, uns sustentarão que o melhor seria o sistema A; outros defenderão o sistema B. A opinião pública fará suas escolhas, e os deputados votarão em A ou B.

A sociologia é, antes de tudo, factualismo hermenêutico. Para a metafísica, factualismo é defeito. Para a sociologia, factualismo hermenêutico é um dever metodológico.

A sociologia estuda fatos (problemas) locais e internacionais para compreendê-los, explicá-los, tentando, também, identificar possibilidades de tratamento. Ciência descritiva, hermenêutica, prescritiva. Ciência do social cuja legitimidade é conquistada na sociedade (e não apenas entre seus pares, na academia) pela demonstração profissional de sua utilidade, prática, nos continentes de pertença dos pesquisadores. Fora disso, o que ocorre é retorno à metafísica, sociologia contra a sociologia. 

Fonte: http://fabioregiobento.blogspot.com.br/2011/03/como-estudar-e-fazer-sociologia.html

Sociologia da Religião

Sociologia da Religião

A sociologia é uma ciência teórica que toma como objeto tudo o que for construção humana: a cultura, a arte(em todas as suas formas de expressão), a política (e a politicagem também), as ideologias, o gênero e suas representações sociais, assim como os papeis sociais, a religião, a cidade, o campo, as gerações e etc.
Um ramo da socióloga bastante discutido é a sociologia da religião. A sociologia da religião busca discutir as formas como a religião encorpada como uma instituição social influencia e é influenciada pelos agentes sociais que a constrói. Além de influenciar a sociedade e ser influenciada por ela, na sua forma de instituição social (a igreja), a religião toma proporções fora da sua forma convencional de representação, esse manifestando dentro de varias das instituições contidas dentro da sociedade, como a família, o trabalho e até no próprio estado.
Um dos primeiros sociólogos a tratar da sociologia da religião foi o alemão Max Weber com o seu Clássico: A ética protestante e o espírito do capitalismo, onde o mesmo trata de como a ética das religiões protestantes influenciava na formação dos países capitalistas mais desenvolvidos.
Além de Max Weber, o Frances Emile Dukheim fez da religião seu objeto de estudo, em uma de suas ultimas obras, as formas elementares da vida religiosa, onde o mesmo trata do fenômeno religioso buscando tratar a partir da vida da religião de aborígenes australianos.
Logo após muitos cientistas sociais se debruçaram sobre o assunto, dentre eles; M.Mauss, E.Gellner, E.Leach e P.Berger. Atualmente vários processos de transformações do contexto religioso mundial, como o sincretismo, a presença do sagrado e do profano no cotidiano humano, as novas religiões e novas formas de prática religiosa, o “estado laico” e o fundamentalismo religioso amplia cada vez mais o campo da sociologia da religião.

Beethoven Simplíco Duarte
Fonte: http://sociologiabetov.blogspot.com.br/2010/04/sociologia-da-religiao.html

Marilena Chauí fala sobre a classe média de São Paulo