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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Estado, política e esfera pública

O Estado é compreendido como o centro de espaço público, uma forma de expressão estruturada do poder coletivo que faz uso da coação (convencer) e coerção (obrigar).Já a Política diz respeito a todo o processo pelo qual os indivíduos organizam suas ações em relação às ações dos outros, sendo que a essência da Política é entender a vida social para compreender o espaço de cada um.A esfera pública, espaço de circulação das opiniões públicas, de discussões livres, debates públicos nos quais é possível discutir temas de interesse geral e formar opiniões. Esta é a arena onde acontece a aglutinação da vontade coletiva e lugar central de fundamentação, justificação, legitimação, validação e efetivação das decisões políticas. É na esfera pública que brota a cidadania e é da força da cidadania que nasce a gestão social. (Adaptado de SILVA, E. W. "Esfera pública, cidadania e gestão social").

Estado (do latim status,us: modo de estar, situação, condição), segundo o Dicionário Houaiss é datada do século XIII e designa "conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação"; "país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado".[1]. Segundo o jurista italiano Norberto Bobbio, a primeira vez que a palavra foi utilizada, com o seu sentido contemporâneo, foi no livro Arte da Guerra, do Imperador e General que fundou a dinastia dos Sun Tzu e posteriormente no livro denominado O Príncipe, do Diplomata e Militar Nicolau Maquiavel. É organizada política, social e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território". O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal). Normalmente, grafa-se o vocábulo com letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de seus homônimos. Há, entretanto, uma corrente de filólogos que defende sua escrita com minúscula, como em cidadania ou civil. Não com o objetivo de ferir a definição tradicional de Estado, mas a fim de equiparar a grafia a outros termos não menos importantes. O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser definido em termos de condições internas, especificamente (conforme descreveu Max Weber, entre outros) no que diz respeito à instituição do monopólio do uso da violência. O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados que se desenvolveram na antiguidade, em várias regiões do mundo, como a Suméria, a América Central e no Extremo Oriente. Em muitos casos, estas cidades-estados foram a certa altura da história colocadas sob a tutela do governo de um reino ou império, seja por interesses económicos mútuos, seja por dominação pela força. O estado como unidade política básica no mundo tem, em parte, vindo a evoluir no sentido de um supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o caso da União Europeia. Os agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos procedem de tal forma a chegarem à ideia de Estado, cujas bases foram determinadas na história mundial com a Ordem de Wetsfalia (Paz de Vestfália), em 1648. A instituição estatal, que possui uma base de prescrições jurídicas e sociais a serem seguidas, evidencia-se como "casa forte" das leis que devem regimentar e regulamentar a vida em sociedade. Desse modo, o Estado representa a forma máxima de organização humana, somente transcendendo a ele a concepção de Comunidade Internacional.  (WIKIPÉDIA)

Política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta ciência aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos (política externa).1 Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância. A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado chamadas "polis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim "politicus" e chegaram às línguas europeias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados".2 O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana. O livro de Platão traduzido como "A República" é, no original, intitulado "Πολιτεία" (Politeía)(WIKIPÉDIA).

Esfera pública é a dimensão na qual os assuntos públicos são discutidos pelos atores públicos e privados, tal processo culmina na formação da opinião pública que, por sua vez, age como uma força oriunda da sociedade civil em direção aos governos no sentido de pressioná-los de acordo com seus anseios. Sob a ótica de Habermas, em sociedades complexas a esfera pública forma uma estrutura intermediária que faz a mediação entre o sistema político, de um lado, e os setores privados do mundo da vida e sistemas de ação especializados em termos de funções de outro lado. (WIKIPÉDIA)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Questão de método

Questões de Método

 "Quando é preciso despedir-se: Daquilo que sabes conhecer e medir é preciso que te despeças, pelo menos por um tempo. Somente depois de teres deixado a cidade verás a que altura suas torres se elevam acima das casas." – (F. Nietzsche).


A questão do método é um dos debates mais polêmicos da teoria social. Como exemplo, tem-se o esforço dos clássicos, que se não conseguiram encerrar a questão, ao menos deixaram indagações e pontos de partida para as futuras gerações. Por isso, para tratar as questões de método nas Ciências Sociais, é imprescindível partir daquele que propôs as regras do método sociológico para além das Ciências Naturais, ainda no século XIX. Segundo Durkheim, “em questões de método (...) nada se pode fazer que não seja provisório, pois os métodos mudam à medida que a ciência avança” (2006,16). A consciência dessa dinâmica é o que nos induz a analisar, não as regras do método, mas a gênese que leva às questões de método.  
                Durkheim, em linhas gerais, exorta os sociólogos a não fazer pré-julgamentos sobre os fatos sociais, antes de estudá-los minuciosamente, pois facilmente corre-se o risco de nublar seu discernimento, devido ao convívio tão fluido com os fatos sociais. Ao contrário, ele afirma: o sociólogo deve sentir-se, ante o seu objeto, como se diante do desconhecido, pronto para surpreender-se e desconcertar-se.
                Na busca de novas formas metodológicas, a partir da prática epistemológica, Karl Marx – para quem a apreensão da realidade social deve ocorrer do concreto para o abstrato – propôs uma análise das determinações históricas, revelando sua preocupação com as motivações, que levaram a construção da sociedade por um determinado caminho. O agente social passa a ser um componente na constituição desta realidade, numa relação dialética entre sujeito e objeto. Em função dessa análise, para Marx “o concreto só é concreto porque é a síntese de muitas determinações” ( 1996, p. 39).
                Max Weber, por sua vez, representa uma das mais importantes expressões teóricas da sociologia, nos primeiros anos do séc. XX. Nesse período, as bases das Ciências Sociais ainda estavam em construção: tanto seus fundamentos, quanto seus instrumentos metodológicos. A grande preocupação de Weber é trazer para o plano técnico o pressuposto da validade e da objetividade, que passarão a ser considerados como propriedades metodológicas.
                A validade do conhecimento científico dependerá, então, da confiabilidade dos métodos empregados, considerando a estrutura lógica dos mesmos, capaz de garantir a transmissão da verdade dos enunciados observáveis às hipóteses e vice-versa. Desta forma é possível preencher a condição fundamental da objetividade científica exigida por Weber: a verificação empírica dos resultados obtidos.
                Para Weber, a validade da sociologia – enquanto ciência – está unicamente nos problemas específicos que ela se propõe a resolver. O acontecimento social refere-se aos valores, ou seja, à própria ação humana. Partindo do princípio que, na realidade empírica, a ação está sempre relacionada a algum tipo de juízo de valor, é de suma importância emancipar o pesquisador de seus valores para que as ciências sociais se fundamentem, num esforço de construir uma metodologia adequada a cada especificidade social.
                Entretanto, libertar-se dos próprios valores impõe um esforço hercúleo. Para Weber, nenhum sociólogo tem condições de uma isenção plena em função das suas relações sociais e de suas valorações. Ele pode realizar abordagens, levantar problemas e descobrir novos aspectos de seus objetos de estudo. Apesar disso, Weber ressalta a importância da neutralidade científica como meta a ser buscada, embora raramente alcançada.
                De fato, não se pode analisar a metodologia de Durkheim sem considerar o seu enraizamento positivista, bem como não se pode debater a “sociologia compreensiva” de Weber sem levar em conta o neokantismo que constitui um de seus suportes. Em se tratando que toca à teoria social de Marx, os problemas metodológicos vão além da natureza teórico-filosófica, por razões fundamentalmente políticas e ideológicas – na medida em que a teoria social de Marx vincula-se a um projeto revolucionário, a análise e a crítica da sua concepção teórico-metodológica estiveram sempre condicionadas às reações que tal projeto despertou e continua despertando.
                A questão metodológica, contudo, não se encerrou com Weber, ao contrário, manteve-se em voga, como é possível perceber pelos problemas tratados por Giddens, para quem “A ciência depende não da acumulação indutiva de demonstrações, mas do princípio metodológico da dúvida” (2002:26) ou ainda por Morin, como o chamado «Paradigma da Simplificação», ao qual ele opõe uma nova forma de pensar, capaz de apreender a complexidade do real: O paradigma da complexidade.
                De fato, com o aprofundamento da chamada crise da pós-modernidade, poder-se-ia dizer que a tão alardeada crise das ciências sociais não passava de uma crise de paradigmas, devido à dificuldade de alguns interpretes em lidar com as mudanças sociais, com novos problemas, que exigiam novos olhares e diferentes abordagens.
                No que tange a reinterpretação da sociedade através de novos olhares, deve-se ressaltar uma contribuição em peculiar da obra de Pierre Bourdieu, na construção de uma sociologia reflexiva, sobretudo em sua obra “O ofício de sociólogo”, na qual ele trabalha especificamente com a questão metodológica.  De acordo com o autor, para ser um sociólogo é preciso romper com os discursos pedagógicos, pois o saber sociológico é muito mais que uma soma de técnicas, métodos e conceitos separados ou separáveis na pesquisa.
                Ser um sociólogo é sobretudo, cultivar o olhar sociológico. É assimilar esse habitus em tal nível que os princípios científicos estejam simplesmente interiorizados. É manter-se vigilante sobre o trabalho científico e seus recursos, para ao ser confrontado com o erro, encontrar um conhecimento mais verdadeiro, ao invés de fechar-se nas verdades de suas hipóteses. É, embebendo-se nos clássicos, livrar-se das pré-noções (Durkheim); evitar a tentação de doutrinar (Weber) e, cima de tudo, é compreender que o fato social não é meramente construído. Ele é antes de tudo conquistado, para só depois ser construído e constatado; ou seja; o mais importante na questão do método é que o pesquisador saiba pensar de forma adequada, mesmo diante de resultados negativos, dos interditos e dos silêncios, pois mesmos os não-ditos têm muito a dizer. 
 
Fonte: http://sociodialy.blogspot.com.br/2012/11/questoes-de-metodo.html