quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

SEDUÇÃO como instrumento de construção de um modo de vida

SEDUÇÃO COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DE UM MODO DE VIDA

Ederson Malheiros Menezes (*)

Sedução - Imaginação Sociológica

Eu sei que quando se lê a palavra "sedução" imediatamente o pensamento é direcionado para a área da sexualidade. No entanto, não é exatamente o sentido principal que guia esta reflexão.

A palavra pode fazer referência tanto ao ato de seduzir como o de ser seduzido, pode também ser entendida como atração ou algo que gira no campo do irresistível. No entanto o seu sentido mais negativo envolve o fato de alguém aproveitar-se de outra pessoa ou ainda, envolver a questão do suborno. Existem ainda outros sentidos, mas estes é que guiam o assunto.

A sedução nem sempre é algo predominantemente consciente. Isso, porque existem muitos valores que nos são implantados e que nem sempre os escolhemos como critérios para definir o gosto. Se perguntássemos o que é irresistível para as pessoas hoje, uma série de gostos, práticas, modos de vida e comportamentos estariam na lista. E estes, com certeza revelariam que não se constituíram apenas por escolhas deliberadas e conscientes.

A sedução está nas propagandas, nas telenovelas, filmes etc. Mas também, nos discursos que já assimilaram um modo de vida imposto e que não se sabe, não se quer ou não se consegue resistir. Chega a ser quase insuportável ouvir tagarelices daqueles que são dominados pela vida plástica.

A sedução está freneticamente presente na chamada segunda intenção. Esta segunda intenção é quase não mais distinta num mundo em que os valores desaparecem como critério de vida. Aqui se afirma o ceticismo do campo político em relação aos valores, momento em que o que de fato vale é o domínio e exercício do poder, isso não importando os meios para atingir tal fim.

Quais seduções envolvem a vida hoje? A sedução do jeitinho brasileiro, a sedução da erotização desenfreada, a sedução da supremacia sobre o outro, a sedução de um modo de vida individualista, a sedução da alienação, a sedução da busca do prazer insaciável, a sedução do consumismo, etc.

A decepção da sedução se dá exatamente no ponto em que realidade da vida se apresenta e que desvenda as ilusões. Quando a consciência acusa acerca do caráter, quando pelo vazio do apenas erótico desperdiçou-se o compartilhar da vida, quando se percebe que a vida é sozinha no meio da multidão, quando não se vê mais tempo oportuno para viver de verdade e quando a inegável dor da vida, que faz parte dela se apresenta. Sim, a sedução tem muito a ver com a ilusão.

Não sei se é possível viver sem sedução, mesmo que em alguns casos seja considerada por seu segundo nome: utopia. No entanto, o deixar-se ser seduzido precisa ser consciente para sonhar com algo bom, significativo e não atormentador e traiçoeiro. Assim, seduzir para viver bem não pode significar violar e nem iludir, mas sonhar junto.

Certamente há muitas coisas pelas quais se deve ser seduzido: o abraço, o sorriso de uma criança, o beijo do cônjuge, a euforia de alguém que está contente, o bem estar comum, etc. Para isso lutamos com a realidade, pois vale lutar.

Seduzir e ser seduzido é algo sério. Talvez você possa pensar mais sobre isso.


(*) Ederson Malheiros Menezes. Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, MBA em Gestão de Pessoas, MBA em Coaching, Esp. Psicologia Positiva, Esp. em Neuroeducação, Esp. Gestão de Projetos Ágeis, Esp. em Docência no Ensino Superior, Esp. em EaD. Licenciado em Sociologia, Bacharel em Administração, Bacharel em Teologia. E-mail: educacaosociologica@gmail.com
 

Um comentário:

  1. Olá amigo. Recomenda alguma bibliografia para um aprofundamento no assunto?

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