terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Insensibilidade Humana, Empatia e Pior do Que Isso

 

 Insensibilidade Humana, Empatia e Pior do Que Isso


Hoje, em minha caminhada matinal encontrei um senhor que pediu informações sobre qual a melhor rota para sair da cidade.

Era mais ou menos seis horas da manhã, e ele havia estacionado o carro em um dos quarteirões onde caminho.

Quando refiz o trajeto, ele estava pegando alguns papéis e vi que sua esposa estava junto.

Pela direção que andava e papéis que estavam em suas mãos, entendi que estava indo até o INSS que fica próximo.

Este senhor idoso que tinha traços de cultura específica me fez pensar em duas coisas.

Primeiro, que apesar de toda tecnologia que possuímos, por exemplo, GPS no celular, nem todos sabem usar - afinal, ele não sabia sair da cidade.

Segundo, que com seus papéis na mão, provavelmente para encaminhar algum benefício ou aposentadoria, moveu-se em sua esperança - como milhares e milhões de brasileiros.

Não é difícil reconhecer que pessoas diferentes de diferentes lugares vivem uma jornada de vida em camada.

Como camada quero dizer, condições de vida, acesso a cultura, bens materiais, conhecimento, etc.

Se para mim (conhecedor e usuário do GPS), pesa os desafios deste tempo com todas as suas exigências, imagina para este homem e sua família.

Foi então que pensei no presidente do Brasil, sem importar quem. Teria ele sensibilidade humana para reconhecer estas realidades em suas resoluções para a nação?

Não estou falando de resolução política, mas sim, muito mais do exercício da empatia. E, mais uma vez, não a empatia como mecanismo para algo, apenas empatia para sentir e viver o outro - aquela que faz você sair de si mesmo - do seu próprio universo.

Mas qual a razão de recorrer ao presidente, teríamos ele como um messias em nossa cultura política? Possivelmente!

Então, fica mais fácil assim, recorrer ao presidente, a instituição, ao responsável que não seja eu - esse é o caminho automatizado do esquivar-se.

Estamos continuamente tão focados em resolver os problemas de nossa própria camada que nos tornamos insensíveis de igual modo, humanamente insensíveis.

Mas de qual sensibilidade se fala, a que apenas sente, que tem compaixão e não faz nada a não ser por si próprio?

Não seria esta apenas mais uma manifestação e comprovação de nossa insensibilidade?

Sim, sensível apela ao sentir. Então, a verdade é que somos mais do que insensíveis quando não fazemos nada.

O senhor sem orientação estava mais preocupado em como sair da polis, achar seu caminho para o espaço mais próximo do que poderia chamar de sua terra e seu povo.

Diante do insensível, dos sem empatia e pior do que isso...

Quem é você?

Ederson Menezes (mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social - educacaosociologica@gmail.com.br)