sábado, 27 de novembro de 2021

Corrupção e Profissionalismo no Setor Público - Servidores Públicos

CORRUPÇÃO E PROFISSIONALISMO NO SETOR PÚBLICO - SERVIDORES PÚBLICOS

Não tenho dúvida de que a união destas duas temáticas (corrupção e profissionalismo) dariam uma coleção significativa de livros.

Por isso, antecipo o reconhecimento de minha limitadíssima reflexão.

Como estudante da esfera da ética e desenvolvimento pessoal e profissional é praticamente impossível não encontrar o elemento corrupção nas jornadas de estudo.

E, acompanhando o desenvolvimento profissional de diversas pessoas, em meio a análise sociológica contínua que decorre de interações diversas, é impossível em algum momento não refletir onde o profissionalismo público encontra seus primeiros obstáculos para se efetivar com maior qualidade.

Neste sentido, limito minha reflexão nesta afirmação e pensamento mais ou menos estruturado....

É um modo de corrupção olhar para o setor público com ênfase na segurança profissional e econômica, tendo em vista que na sua razão organizacional de existir, as organizações do setor não têm este objetivo dirigido aos profissionais da própria organização. No entanto, esta "curtura" parece estar consolidada nos interesses profissionais sem muitos questionamentos mais significativos (EMM).

No cotidiano, os jovens são estimulados por seus pais a escolherem carreiras que possam garantir segurança econômica e profissional, sendo reconhecido, de algum modo, que o que procuram pode estar no setor público.

Deste modo, o motor do público deixa de ser o bem comum, e a corrupção do profissional já se instala em seu berço - do bem comum para o meu bem.

Esta mentalidade vai orientar a carreira de muitos profissionais por longo período e talvez, por toda sua carreira.

Uma possível ruptura pode dar-se a partir da própria iniciativa do profissional do setor, quando este, assume maior consciência de sua atuação profissional no setor público e então, torna secundário sua própria estabilidade profissional e econômica em detrimento de sua ação pública eficiente e eficaz.

Evidentemente, este olhar de subsistência profissional e econômica não são os únicos vieses que corrompem a essência do que deveria ser um profissional do setor público.

Acredito, sinceramente, que esta deveria ser uma das primeiras ações, a conscientização profissional para "servidores" públicos sobre o "público".

Entretanto, fique claro que esta conscientização é algo interno do profissional e não cerimonial pelo status ou imposição organizacional.

De forma muito sincera, não tenho pretensão alguma de ofender ninguém, até porque acredito que muitas pessoas foram envolvidas em processos "curturais" já estabelecidos.

Também compreendo que o cerimonialismo do status ou a mera cobrança oraganizacional/institucional pública e externa, apesar de ainda serem oportunidades, não são de fato, o que constituem de verdade um SERVIDOR PÚBLICO.

Entretanto, constitui sim objetivo aqui, estimular a reflexão do próprio servidor público para que o mesmo, ao seu tempo, consciência e coragem faça sua autoanálise profissional.

A pergunta básica de autoavaliação é básica e direta: há corrupção no meu profissionalismo?

Também é importante mencionar, que esta corrupção de essência não é uma particularidade de profissionais do setor público.

Em diversos sentidos existe corrupção profissional, apenas destaca-se aqui este desalinhamento. Assim, um cientista é corrupto quando perde sua neutralidade, um advogado ou juiz é corrupto quando tenciona a justiça, um professor é corrupto quando não reconhece sua necessária atuação significativa e vívida nos processos de ensino, um estudante é corrupto quando se autolimita em suas oportunidades de aprendizagem, etc.  

O fluxo da vida e das interações sociais nos impõe vivências pouco refletidas e exatamente por isso, seria algo corrupto um cientista social não alertar ou despertar tais reflexões inquietantes.

 

Ederson M. Menezes (teólogo, licenciado em sociologia, administrador (em formação), especialista em educação e liderança na gestão de pessoas e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social).

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Politicagem, Perturbação Emocional e Consciência Cauterizada

POLITICAGEM, PERTURBAÇÃO EMOCIONAL E CONSCIÊNCIA CAUTERIZADA


Poucas coisas me perturbam emocionalmente de forma tão intensa como a politicagem.

Deparei-me com esta realidade na interioridade humana, na família, nas instituições e na ágora política - na esfera da vida do ser humano, dentro dele e fora dele. 

O jogo dos interésses! Da justiça reconfigurada para além do bem realmente comum.

É importante sintetizar que politicagem resulta em perturbação emocional profunda!

Sabe aquela sensação de erupção vulcânica nas suas emoções... é disso que estou falando.

No exercício da inteligência socioemocional sou obrigado a questionar a razão de tamanho incômodo.

Em um primeiro instante, fico feliz por estar incomodado, pois problema maior seria ver a injustiça e a politicagem acontecendo e ainda ficar indiferente - isso seria muito preocupante!

Porém, de tempos em tempos, crio um distanciamento da esfera política - uma tentativa de  exercitar a saúde emocional no sentido contrário - como fuga mesmo!

É claro! Este distanciamento existe muito mais como atitude de ignorar, do que de fato afastar-se - o que é impossível em um mundo cada vez mais articulado por politicagens em diferentes esferas.

O "jeitinho" cresce, está em constante transformação e em processo intenso de aculturação - ninguém escapa, de modo que há apenas duas opções: perturbar-se ou cauterizar-se. 

Se você acompanhar alguns atores políticos, a percepção da corrupção na sua jornada será visível. 

Muitos começam bem intencionados, mas no decorrer dos anos a cultura da politicagem, forte e devoradora, estende seus tentáculos, anestesia suas prezas e injeta lentamente seu veneno que vai sendo consumido e assumido como líquido vital da ação política.

Uma das primeiras evidências aparece logo no discurso, que depois é reforçado pelos fatos.

Existem muitas obras que falam sobre corrupção, mais do que o ato em si, estou pensando no que acontece dentro do ser humano antes do fato corrupto - corrupção da humanidade, dos princípios e valores.

E para refletir sobre um fragmento desta corrupção, existe um conceito que precisa ser referenciado. Estou pensando em "consciência cauterizada". 

Ele é relevante em sua relação com a politicagem e perturbação emocional acerca da injustiça.

Afinal, só quem não tem a consciência cauterizada é que se perturba e se enche de indignação.

Entenda indignação como raiva justa (considerando o grande desafio que é definir o que é justo).

Lembre-se que estas experiências, são experiência da vida, de nossa própria cultura - não dá para fugir delas.

Como seres humanos, somos fruto e criadores de nossa cultura - cultura que comporta a politicagem.

Para alguns, aqueles que se adaptaram a ela, foi necessário cauterizar a consciência com mecanismos diversos.

Os cauterizados, passam então a ser reconhecidos como exímios bem-adaptados.

Para outros, os mal-adaptados, sobra tão somente a perturbação emocional - a raiva justa, a indignação.

É certo que, no momento em que escrevo este texto estou emocionalmente perturbado.

Por que? Politicagem! 

Porque a minha consciência ainda não foi e, espero, nunca venha a ser cauterizada.

Então, viva a boa perturbação emocional, a raiva justa, a indignação!


Ederson M. Menezes (teólogo, licenciado em sociologia, administrador em formação, especialista em educação, MBA em gestão de pessoas e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social.)