domingo, 1 de setembro de 2019

Semana da Pátria Brasil 2019 - O discurso de uma nação rica que se recupera moralmente

 

Nesta manhã com vento frio e na dependência dos raios de sol para se aquecer, fui ver o ato público de abertura da Semana da Pátria na atual cidade que moro há quase 3 anos.

Juro que tentei participar de uma forma diferente, sem envolver-me tanto como analista de práticas socioculturais e desenvolvimento social.

Queria apenas, e tão somente, atender meu desejo de fotografar.

Tá bem.... confesso que saí de casa com intenções leves de também fazer algumas fotografias que, talvez, e eu disse "talvez", pudessem constituir algum material de análise social.

Mas, na verdade o que eu queria mesmo era apenas fotografar. Tanto que ao clicar no botão da máquina fotográfica, em momento algum, pensei sobre que fotos ou temas poderiam ser analisados.

Fazia tempo que não fotografava e o que eu queria mesmo era tirar fotos - entendeu!

Mas, no decorrer a cerimônia, foi inevitável não reter algumas palavras do discurso oficial, pronunciamento de nosso representante público no âmbito executivo.

O discurso principal, dentre seus apontamentos, enunciou o Brasil como uma nação rica em termos de produtividade e que se recupera moralmente.

Quando ouvi o enunciado "moralmente", imediatamente lembrei de minha dissertação de mestrado - "A CONFIGURAÇÃO DA ÉTICA NAS PRÁTICAS SOCIAIS DE REPRESENTANTES INSTITUCIONAIS E DA SOCIEDADE CIVIL" - CLIQUE AQUI PARA LER.

Era inevitável não retomar algumas reflexões, especialmente por ver no discurso a referência a questão moral.

Confesso que depois de minha experiência de pesquisa e registro dos resultados em minha dissertação, cada vez que ouço um pronunciamento por algum representante público ou civil, é como se um gatilho disparasse automaticamente em minha mente.

Virei um analista automatizado da configuração da ética em discursos de líderes de nossa sociedade.

Mesmo tendo dado um "off" em minha análises nos últimos três anos, eventualmente, é inevitável não fazer algumas considerações.

Hoje, fiquei pensando sobre dois elementos: o Brasil rico e o Brasil que se recupera moralmente.

O enunciado sobre o Brasil rico é comum em muitos discursos e o enunciado sobre recuperação moral é confuso.

As pessoas de forma geral sabem que o país é rico, mas "não compreendem" como a realidade de um país rico não se efetiva em sua vida, já que falta saúde, educação, trabalho justo e até alimentação adequada na mesa das famílias brasileiras é rotina.

A distorção da informação é tão grande que recuperar-se moralmente soa provocativo, politiqueiro. 

Veja, não estou defendendo e nem acusando ninguém, estou traduzindo pensamentos e sentimentos de um brasileiro que mora num país rico e que se recupera moralmente participando de uma solenidade de abertura da Semana da Pátria.

Não consigo imaginar com clareza os desafios que os líderes sejam públicos ou civis enfrentam, tendo em vista ter que motivar e mobilizar a sociedade.

Mas, a julgar pelas pessoas que estavam presentes na cerimônia, não é difícil entender que o povo perdeu sua fé, sua esperança.



Pouquíssimas pessoas prestigiavam a cerimônia, e um bom grupo, senão a maioria, estava ali por que tinha alguma obrigação.

Esse era o sentimento... sabe aqueles eventos que você tem que ir lá e cumprir o protocolo.... esse foi o sentimento.

Eu sempre ouvi que o Brasil é um país rico, vi isso na vida de poucos, pois a maioria da população o que sente é pobreza. 

Eu sempre ouvi discursos sobre valores, mas a coisa é tão feia que ninguém sabe o que acreditar e em quem acreditar.

Seria mais fácil acusar de falta de patriotismo, mas será que esse é o melhor e genuíno caminho?

Sinceramente, com meu atual ceticismo, penso que nenhum discurso vai conseguir atingir seu propósito até que se façam coisas concretas. 

Nenhum enunciado de riqueza é significativo quando se vive em quase "escravidão" e nenhum enunciado de valores é motivador no país do jeitinho.

E, não adianta como brasileiro, também apenas cumprir o protocolo, precisa fazer algo concreto.

No mínimo, estimular a consciência para mobilização no exercício diário de uma cidadania mais comprometida com ações de resultado. 

Para alguns, a melhor parte da cerimônia foi a banda tocar, balançar o esqueleto de forma solene, e tomar um banho de sol.


São os desafios de uma nação rica que se recupera moralmente!

Ederson Malheiros Menezes

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Não Brinque com a Maldade

http://imaginacaosociologica.com.br/maldade-nao-brinque-com-ela-inteligencia-social/

MALDADE: NÃO BRINQUE COM ELA!

Maldade, também definida como perversidade, malignidade, crueldade e desumanidade.

Primeiro, e como se diz, antes de tudo, devo mencionar qual é o objetivo deste texto e vídeo.
Trata-se de incentivar pessoas ao exercício do autoconhecimento e iniciativas diferenciadas, a fortalecer ações que hoje são desmerecidas diante da malandragem, da falsa expertise e violação de valores básicos para o bem genuinamente comum.

A MALDADE NAS RELAÇÕES AMOROSAS

Portanto, a maldade está relacionada ao fato de alguém ter uma atitude que prejudica ou ofende outra pessoa.
As cantoras Maiara e Maraisa em sua música intitulada "Maldade" apresentam uma atitude perversa no contexto dos relacionamentos amorosos.

Conforme a letra, foi maldade "pedir um tempo" no relacionamento e depois terminar ele. Em outras palavras, foi maldade não ser sincero na intenção que havia, na atitude - houve uma intenção maliciosa.
Mas, todo mundo sabe que esta questão da maldade é muito mais ampla do que o contexto das relações amorosas.
Na verdade, todas as relações sociais estão transpassadas pela maldade ou "oportunidade" de maldade.
Além disso, sabe-se bem que há até a "maldade" que se convenciona praticável em "malandragem" - chega-se a reconhecer como "um tipo de expertise".
Tem muita gente brincando com coisas tenebrosas, alguns de forma um tanto inocente, mas outros, muito conscientes.
A maldade na mente, maldade na sociedade, não importa o espaço, pode tornar-se maldade mecânica - automatizada na vida das pessoas e no mundo como cultura.
E, se você ler mais um pouco, vai ficar impactado com a abrangência que a maldade pode assumir.

MUITO MAIS AMPLO DO QUE SE IMAGINA

Portanto, mau é um adjetivo, ou seja, qualifica algo. Mal é um advérbio de modo e se relaciona com um verbo, mas também pode ser substantivado. O que tudo isso significa?
Então, ... isso significa que tudo aquilo que se compreende como algo negativo está presente nas definições que damos para as coisas, nas ações e na própria "coisa".
Quando relacionamos mal com maldade, é possível percebê-lo tanto na esfera pessoal, como social.
Kant dizia que o ser humano tinha uma disposição original para o bem, mas um propensão para o mal.
Hannah Arendt retoma o pensamento kantiano e vai dizer que a questão do mal não é uma questão ontológica (do ser), mas sim, algo da história e da polítca.
Tudo isso avança tanto que inclusive há a Ponerologia - estudo da ciência do mal adaptada a propósitos políticos.
Os pesquisadores Delroy Paulhus e Kevin Williams fazem menção de uma tríade do mal: egocentrismo, maquiavelismo e psicopatia - que pode incluir o "sadismo cotidiano" - semelhante aos trolls da internet.
Para eles, o maquiavelismo parece receber uma influência maior do ambiente do que por componente genético, como nos outros dois elementos.
Em outros versos, a sociedade é que ensina alcançar algo bom, fazendo o mal.
Nas pesquisas também descobriram que os indivíduos notívagos possuem uma tendência maior de características relacionadas com a maldade.
Novas pesquisas nos eixos de "maquiavelismo moral" e "narcisismo comunitário" estão sendo realizadas.
Mas, não temos tanta pretensão aqui neste post, pois nosso objetivo é criar uma base para refletir sobre a maldade e como ela pode ser encarada no contexto da inteligência social.

O QUE DEVEMOS CONSIDERAR E FAZER

Portanto, a questão é desafiadora e exige de cada um de nós.
E, se você parar um pouco para pensar no que já foi dito, será possível observar que a maldade que cresce dentro de cada indivíduo, cresce também fora dele.
E, ainda, que se de fato assumirmos as tendências internas do ser humano (Kant) e as construções históricas e políticas da maldade (Hannah Arendt), não devemos brincar com más intenções que sustentam atitudes e comportamentos.
Ninguém gosta de sofrer com as intenções maliciosas de outras pessoas!
E, para minimizá-la é necessário tanto o autoconhecimento do indivíduo acerca de seus valores e práticas, como a iniciativa de construir o bem genuinamente comum e não interesseiro, inconsequente e individualista.
Se é válida a campanha que dizia "gentiliza gera gentiliza", também é válida a realidade de que "maldade, gera maldade".
Quando você faz mal para alguém há uma grande chance deste mal atingir outras pessoas e ainda voltar para você em outro tempo de outra forma.
Por fim, lembre-se que seus filhos estarão no mundo de amanhã, a semente do bem precisa ser cultivada hoje.
A maldade humana pode assumir proporções terríveis, pode tornar-se maldade mecânica, abrangente e totalmente inconsequente - maldade dobrada e automatizada.
A maldade humana não pode ser negligenciada em termos de confronto para construção de um mundo melhor.
Pense sobre isso, viva a vida conservando e cultivando o bem e aproveite cada segundo que ela oferece com toda sua grandeza.


Muito sucesso em sua jornada de vida - vida de bem, que brinca com o bem!!!
Ederson Menezes (licenciado em sociologia, esp. em educação e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social - palestrante-coach - www.edersonmenezes.com.br).

Veja o vídeo abaixo para ampliar sua compreensão...


Palestrante Social e os Desafios do Desenvolvimento Social

http://edersonmenezes.com.br/index.php/2019/04/02/palestrante-social-desafios-do-desenvolvimento-sociocultural/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A imaginação sociológica de Charles Right Mills - Ederson Menezes

http://imaginacaosociologica.com.br/imaginacao-sociologica-wright-mills/

IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA DE WRIGTHT MILLS


A imaginação sociológica é um exercício e uma postura intelectual exercida para liberdade e libertação.

Aqui, você compreenderá um pouco mais, a razão e iniciativa do blog "Imaginação Sociológica", que instiga o ser humano a imaginar para melhor viver.



QUEM É CHARLES WRIGHT MILLS?

Charles Wrigth Mills, sociólogo nos EUA, atuou como professor universitário entre 1946 até 1962 (ano em que morreu). Ele dava aulas de sociologia na Universidade de Columbia.
Mills preocupa-se com as responsabilidades que os intelectuais deveriam possuir na sua relação com a sociedade.
E, em sua obra "A Imaginação Sociológica", publicada em 1959 nos EUA, Mills reforça a necessidade da imaginação.
 
E, a esta imaginação é necessário acrescer: criatividade, reflexividade e postura crítica da realidade.
 
Também os escritos dos sociólogos, deveriam estar acessíveis a todas as pessoas, uma proposta que seja reconhecível.

O QUE É A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA?

A imaginação sociológica é compreendida como a forma mais frutífera de uma consciência diferenciada.
 
Trata-se de uma característica intelectual que permite perceber com clareza as perturbações pessoais.  
 
Além disso, compreender as origens na própria biografia (privado) e as questões institucionais (públicas) em sua história - considerando todas as relações existentes.  
 
E, conforme as próprias palavras de Mills:
"É a capacidade de ir das mais impessoais e remotas transformações para as características mais íntimas do ser humano - e ver as relações entre as duas. Sua utilização se fundamenta sempre na necessidade de conhecer o sentido social histórico do indivíduo na sociedade e no período no qual sua qualidade e seu ser se manifestam. 
É por isso, em suma, que por meio da imaginação sociológica os homens esperam, hoje, perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que está acontecendo com eles, como minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da história, dentro da sociedade" (MILLS, 1992).

COMO A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA É EXERCIDA

O exercício proposto por Mills compreende:
 
Primeiro, a capacidade de usar adequadamente a informação que se recebe, sem deixar que ela destrua a capacidade de compreensão.
 
Segundo, torna-se necessário desenvolver a habilidade racional, a qual tem custo em termos de energia moral - "consome" nossos valores.
 
Terceiro, compreender o mundo e a si mesmo com clareza tal para libertar o indivíduo do estado sem saída.
 
Deste modo, neste exercício imaginativo, Mills propõe questionamentos sobre:
  • a estrutura da sociedade;
  • seu posicionamento histórico;
  • e sua influência na formação humana dentro deste contexto.
 
Mills preocupou-se em incentivar a busca de uma compreensão libertadora para o mundo e para nós mesmos. Portanto, pensar a influência social sobre a vida íntima e vice-versa.
 
E, ainda, pensar de modo que seja possível compreender adequadamente os confrontos internos e externos de valores e experiências interligadas.
 
Finalmente, creio não ser difícil compreender a proposta de nossa iniciativa estimulando a imaginação e desenvolvendo a inteligência social. 
 
Novamente, nas palavras de Mills:
Os homens desejam conhecer a realidade social e histórica, e frequentemente não vêem na literatura contemporânea um meio adequado de conhecê-la. Anseiam por fatos, buscam-lhe os sentidos, querem um "retrato maior" no qual possam acreditar e de dentro do qual se possam compreender. Desejam também valores que os orientem, e formas de sentimento adequadas, estilos de emoção e vocabulários de motivos que sejam também adequados (MILLS, 1992).
 
O uso de uma racionalidade diferenciada: que entende, compartilha e modifica conscientemente a si e o mundo a sua volta.






Ederson M. Menezes (Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, MBA em Gestão de Pessoas, MBA em Coaching, Esp. em Psicologia Positiva, Esp. em Neuroeducação, Esp. em Gestão de Projetos Ágeis, Esp. em Docência no Ensino Superior, Esp. em EaD, Licenciado em Sociologia, Bacharel em Administração e Teologia - educacaosociologica@gmail.com).