sábado, 26 de dezembro de 2020

Pandêmico - 2020 Fica na História


 

PANDÊMICO -  2020 FICA NA HISTÓRIA*


Como analista social deveria recorrer aos dados estatísticos de dezembro, às possíveis 220 mil mortes por Covid no Brasil. Esta análise seria considerada mais "científica".

Mas, em meio as minha subjetividades faço uma breve pausa para descrever a própria experiência pandêmica, a partir desta impossível neutralidade.

Retrato da experiência de brasileiro, pai de família, trabalhador que oscila nos pensamentos e sentimentos de um ano tenso que encerra com poucos avanços e com tantas quantas incertezas de como começou.

A definição de pandêmico talvez seja diferente do dicionário, que simplesmente categoriza como uma adjetivação, como fazendo referência a pandemia - epidemia que atinge vastas regiões - no nosso caso, o mundo inteiro.

Isso nos faz lembrar de como o dicionário nos ajuda, mas também nos limita - é um recurso para construirmos conceitos que traduzam de forma breve nossas experiências e conhecimentos - e, como tal, ao sintetizar, minimiza.

Então, os conceitos minimizam, este texto minimiza, as reportagens minimizam (apesar de algumas maximizarem tendo em vista ter maior audiência).

Mas, a pior minimização é aquela que faz da vida um jogo político de interesses pelo podre poder.

Então, o que é mais pandêmico? O covid? Ou esta miserável condição humana dos que depreciam, banalizam e vulgarizam a vida nas jogatinas de interesses privados.

Foi um ano que começou e encerra em falsidade de informações.

Foi um ano que começou e encerra em oscilação de pensamentos, sentimentos e indefinições.

Foi um ano de tentativa de fuga e confronto indesejado por milhares e milhões despreparados.

Foi um ano em que o pranto das mazelas de existência e condição se expressaram tão intensamente que adoece multidões não só por causa do vírus.

Foi pandêmico!

E, as recomendações que se pode fazer a partir deste momento que insiste em persistir é não adoeça humano, é fortaleça-se humano nos valores mais dignos que a vida possui. 

Pois, de outro modo a pandemia irá passar e continuaremos pandêmicos!

E, pessoalmente, prefiro que o PANDÊMICO, fique apenas na história.


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*Ederson Malheiros Menezes, mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social - educacaosociologica@gmail.com


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Pilares Para Estudo da Religião

 

 PILARES PARA O ESTUDO DA RELIGIÃO

Um norte inicial para o campo de estudo religioso

Ederson Malheiros Menezes*

DIÁLOGO INICIAL

O tema religião pode ser espinhoso, pois sempre lidamos com mais do que ideias, são crenças que se entrelaçam com experiências de sentido existencial, registradas a partir de vivências dinâmicas, emocionais, culturais, afetivas, entre outras.

Sendo assim, a proposição de estudo já pode ser em si mesma considerada uma afronta.

Então, saiba de antemão que não é esta a proposta.

O objetivo é estimular a compreensão acerca da crença ou não - do universo religião.

E para que isto aconteça são estabelecidos alguns pontos norteadores.


A DISTINÇÃO ENTRE RELIGIÃO E FÉ

Portanto, o primeiro ponto é fazer a distinção entre religião e fé.

E, neste sentido, compreende-se que religião diz respeito a experiência vivenciada e compartilhada um grupo de pessoas.

Ou seja, é algo coletivo.

Já a questão fé, diz respeito a algo pessoal, subjetivo - que pertence ao universo da própria pessoa.

Esta separação inicial auxilia a definir o que são questões pessoais, particulares de fé das questões religiosas.

E, caso esta separação não ocorra, qualquer proposição para reflexão será interminável já que cada indivíduo possui em si considerações bem específicas acerca da experiência religiosa/de fé.


A COMPREENSÃO DE POSSÍVEIS ABORDAGENS

Existe diferentes formas de abordar a questão religiosa.

Por exemplo, de uma perspectiva fenomenológica, percebe-se fenômenos comuns em diferentes religiões e a partir deles se constrói as observações.

De um outro modo, pode-se partir para uma abordagem histórica, a qual considera cada experiência de maneira separada em cada contexto específico.

Este reconhecimento de possíveis abordagens possibilita o enriquecimento da pesquisa e proposição de diferenciadas observações.


O RECONHECIMENTO DO ASPECTO EUROCÊNTRICO DE ÂMBITO RELIGIOSO

Por fim, cabe destacar a atitude necessária para a pesquisa.

E, neste sentido, já que é praticamente impossível ignorar a subjetividade do pesquisador, deve-se considerar o fato de que herdamos esta tendência cultural de pensar de que apenas aquilo que eu acredito é que está certo.

Para fins de pesquisa, esta tendência deve ser evitada, pois não se trata de fazer uma apologia da fé ou mesmo do ateísmo, mas estudos no campo religioso.

E, a apensar da neutralidade do pesquisador ser apenas um ideal, ainda assim, toda a pesquisa precisa ser realizada com o máximo possível de zelo neste sentido.

Isto evita que o pesquisador e sua pesquisa tornem-se tendenciosos.

 

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Ederson Malheiros Menezes - teólogo, licenciado em sociologia, esp. em docência no ensino superior, esp. em docência e tutoria em EAD, MBA em liderança e coaching na gestão de pessoas, MBA em coaching e analista comportamental, mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social - educacaosociologica@gmail.com 


Texto e vídeo construídos com base na perspectiva de estudo da religião de Leandro Karnal que pode ser encontrada nesta playlist (https://www.youtube.com/watch?v=CztqsoWZOQU&list=PLQBQEnFyYIPY0aR4d4R0m_naw7VjKdDFq)

quinta-feira, 26 de março de 2020

Os indicadores sociais ou não, reais ou não

OS INDICADORES SOCIAIS OU NÃO, REAIS OU NÃO
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Os indicadores estão presentes na vida de todos nós.
Por exemplo, na escola, as notas são indicadores, quer alguns gostem ou não, da condição de aprendizagem dos alunos.
No mercado, as placas de preço e promoções são indicadores de uma condição de venda.
No trânsito as cores do semáforo são indicadores para mobilidade ou não.
Enfim, os indicadores estão em todos os lugares, até mesmo no tempo de leitura deste texto e nas horas do relógio.

Por que usamos indicadores?

Eles são sínteses que comunicam algo importante para nós.

Mas o que qualifica um bom indicador?

Se considerarmos uma placa indicando a direção de determinada localidade, diremos que ela será um bom indicador se indicar a direção certa, e melhor ainda, se contiver a distância a se percorrer e ainda, o tipo de via a se transitar, etc.

Seria um péssimo indicador se a placa te levasse em uma direção contrária, se omitisse informações importantes que deveriam ser comunicadas ou ainda, se informasse erroneamente dados manipulados com interesses diferentes dos que justificam a existência do próprio indicador.

Por que toda esta discussão sobre indicadores?

Cansa ver tantos indicadores manipulados para atender interesses não revelados.

Indicadores políticos, sociais, econômicos, educacionais, ..... todos apresentados para justificar interesses particulares, ocultos, relacionados com questões paralelas, a tal da "maracutaia".

Negócios, políticas, realações, e tantas outras realidades são amparadas em indicadores que são instrumentos de manipulação - artifícios de convencimento que tentam criar uma proposta racional que justifique o que se deseja.

E, nestas ações, milhares e milhões de pessoas são manipuladas, enganadas e privadas de melhores condições de vida.

Deste modo, os indicadores indicam que o ser humano precisa de novos indicadores - indicadores de um ser humano diferente.

Os indicadores de politicagens, de trapaças, da violação de direitos e deveres, da violência, da falta de caráter gritam por uma nova condição humana.

Os indicadores instrumentos da malandragem, praticamente não servem para indicar mais nada, já que até as indicações científicas são tendenciosas.

Duvida-se que algum indicador tenha validade, mesmo aqueles que deveriam estar pautados no bom senso, na sobriedade, na verdade e justiça - na individualidade ou no constructo social.

É terrível viver desta forma, sendo manipulado por indicadores subliminares.

Deste modo, parece-me que toda e qualquer síntese requer "pulga atrás da orelha".

E que, melhor do que sínteses prontas, a melhor opção é percorrer longas jornadas para se obter singelas coerências. 

Ah! Indicadores!?!?!

Ederson M. Menezes

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Insensibilidade Humana, Empatia e Pior do Que Isso

 

 Insensibilidade Humana, Empatia e Pior do Que Isso


Hoje, em minha caminhada matinal encontrei um senhor que pediu informações sobre qual a melhor rota para sair da cidade.

Era mais ou menos seis horas da manhã, e ele havia estacionado o carro em um dos quarteirões onde caminho.

Quando refiz o trajeto, ele estava pegando alguns papéis e vi que sua esposa estava junto.

Pela direção que andava e papéis que estavam em suas mãos, entendi que estava indo até o INSS que fica próximo.

Este senhor idoso que tinha traços de cultura específica me fez pensar em duas coisas.

Primeiro, que apesar de toda tecnologia que possuímos, por exemplo, GPS no celular, nem todos sabem usar - afinal, ele não sabia sair da cidade.

Segundo, que com seus papéis na mão, provavelmente para encaminhar algum benefício ou aposentadoria, moveu-se em sua esperança - como milhares e milhões de brasileiros.

Não é difícil reconhecer que pessoas diferentes de diferentes lugares vivem uma jornada de vida em camada.

Como camada quero dizer, condições de vida, acesso a cultura, bens materiais, conhecimento, etc.

Se para mim (conhecedor e usuário do GPS), pesa os desafios deste tempo com todas as suas exigências, imagina para este homem e sua família.

Foi então que pensei no presidente do Brasil, sem importar quem. Teria ele sensibilidade humana para reconhecer estas realidades em suas resoluções para a nação?

Não estou falando de resolução política, mas sim, muito mais do exercício da empatia. E, mais uma vez, não a empatia como mecanismo para algo, apenas empatia para sentir e viver o outro - aquela que faz você sair de si mesmo - do seu próprio universo.

Mas qual a razão de recorrer ao presidente, teríamos ele como um messias em nossa cultura política? Possivelmente!

Então, fica mais fácil assim, recorrer ao presidente, a instituição, ao responsável que não seja eu - esse é o caminho automatizado do esquivar-se.

Estamos continuamente tão focados em resolver os problemas de nossa própria camada que nos tornamos insensíveis de igual modo, humanamente insensíveis.

Mas de qual sensibilidade se fala, a que apenas sente, que tem compaixão e não faz nada a não ser por si próprio?

Não seria esta apenas mais uma manifestação e comprovação de nossa insensibilidade?

Sim, sensível apela ao sentir. Então, a verdade é que somos mais do que insensíveis quando não fazemos nada.

O senhor sem orientação estava mais preocupado em como sair da polis, achar seu caminho para o espaço mais próximo do que poderia chamar de sua terra e seu povo.

Diante do insensível, dos sem empatia e pior do que isso...

Quem é você?

Ederson Menezes (mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social - educacaosociologica@gmail.com.br)