SOCIOLOGIA DA DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA
(Ederson Malheiros Menezes)
Este texto há algumas décadas atrás estaria sendo escrito com um lápis ou uma caneta em um papel, talvez através de uma máquina de escrever, daquelas que necessitava da pressão dos dedos para marcar o papel com tinta.
Hoje, este texto é digital, escrito através do computador em um blog. Se faltasse energia, ou se se algum problema técnico do computador aparecesse, ele não poderia ser escrito e muito menos lido.
Mas este, pode-se dizer, seria o menor dos problemas se os processos tecnológicos fossem fragilizados ou sofressem alguma avaria.
Seu dinheiro é digital e depende do funcionamento tecnológico, assim como sua comunicação, sua orientação por GPS, o painel do seu carro e o alarme de sua casa. Seu medidor da pressão arterial e seu termômetro são digitais e até mesmo seu relógio.
As fotos de sua família, aquelas que narram sua história são digitais e estão hospedadas em plataformas digitais ou cartões de memória digital. Várias realidades de nosso dia a dia são condicionadas a processos digitais e hoje até mesmo seus documentos pessoais são digitais.
Acho que já deu para entender que uma pane tecnológica causaria uma catástrofe existencial e de vida sem precedentes.
Talvez, para alguns com seus mais de quarenta ou cinquenta anos, ainda seria possível sobreviver. Mas, as gerações mais novas entraria em colapso junto como toda a tecnologia.
De algum modo as pessoas são condicionadas e escravizadas a um modo de vida, uma vida tecnológica.
Não se pode ignorar de modo algum os avanços e benefícios da tecnologia, mas este é um texto que reflete acerca de temores, fragilidades e consequências na vida do ser humano subjugado tecnologicamente.
É assustador o tempo que grande parte das pessoas utilizam totalmente imersas em um celular. Algumas já evidenciam um vício de modo que a abstinência tecnológica constitui tratamentos da atualidade.
Então, vivemos num mundo em que, se alguém apertar um botão do outro lado do planeta, isso pode grande impacto para a vida de outras pessoas que estão do outro lado do planeta.
Não é inteligente maravilhar-se com o avanço da tecnologia sem refletir sobre seus retrocessos e impactos na humanidade.
Talvez o questionamento mais singelo e ajustado ao sistema seja: qual o real preço deste "benefício" tecnológico?
Um dos impeditivos da reflexão e avaliação inteligente do avanço tecnológico é exatamente sua velocidade de desenvolvimento. Deste modo, antes mesmo de se validar tal descoberta, ela já está obsoleta e avança sem freios ao além.
Veja bem, isto não é uma crítica em relação a tecnologia no sentido de não usá-la, mas uma análise crítica dos seus processos e resultados que nem sempre são considerados.
O questionamento seguinte é: Será que é inteligente tamanha dependência da tecnologia para a vida?
Por exemplo, não é incomum ver discursos em que não se acredita no futuro do planeta para além de uma possível resposta tecnológica, ou seja, acredita-se que se a tecnologia não trouxer uma resposta, a existência humana no planeta estará em seu fim.
Para alguns, não existe outra saída a não ser colocar sua esperança na tecnologia. Afinal, é mais fácil do que modificar a mentalidade e o condicionamento que rege o ser humano na atualidade, de um consumo desenfreado e inconsequente que abre as portas para as propostas tecnológicas de igual modo inconsequentes.
A dependência tornou-se tão grande, que como já enunciado, dependo da tecnologia para que este texto seja lido por mais pessoas e que possa de algum modo produzir algum bom fruto - mas, parece que esta dependência é algo positivo.
Ederson Malheiros Menezes (Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social - educacaosociologica@gmail.com)