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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Impactos socioemocionais de um mundo perturbador

IMPACTOS SOCIOEMOCIONAIS DE UM MUNDO PERTURBADOR

Ederson Malheiros Menezes*

 

O ser humano está numa condição de perturbação perturbadora.

No começo considerei que as mudanças eram decorrentes apenas do fato de estar vivendo novos ciclos de vida. Afinal, o ser criança, adolescente, jovem, adulto e entrar na maior idade, por si só, já são transformações intensas.

Também cheguei a considerar que o desafio era constituído pelo próprio modo de ver as coisas, do meu próprio pensar e sentir. Afinal, diferentes temperamentos e personalidades vivem as mesmas experiências de modo exclusivo.

Estas considerações iniciais me levaram a concluir que tanto os ciclos de vida como os modos de interpretação de diferentes temperamentos e personalidades devem ser considerados. 

No entanto, há fatores socioambientais, sociopolíticos, socioculturais, socioeconômicos, entre outros que merecem nossa atenção sobre as emoções vivenciadas neste mundo perturbador.

Catástrofes, corrupção, depreciação de valores e princípios, miséria, são algumas das realidades perturbadoras.

Algumas catástrofes tem sua origem em fenômenos incontroláveis, porém outras, em práticas de um modo inconsequente de exploração humana dos recursos naturais e consumo.

Infelizmente, sobre a "corrupção" considera-se que é um conceito limitado e fraco para definir realidades sociopolíticas do mundo - não consigo pensar em outro conceito úncio que tenha força suficiente para descrever a condição.

Como se não bastasse, a degradação do ser humano em termos de princípios e valores é tão intensa quanto a degradação do seu lugar de morada - enquanto alguns ajudam os desabrigados e feridos, outros saqueiam e matam no mesmo ambiente.

Sim, a consequência inevitável é a miséria que se articula em todos os sentidos da vida, da realidade econômica às relações e interações humanas - a perturbação é resultado e razão criando um ciclo que se precipita em degradação sem controle.

Então é possível começar a definir o que significa "mundo perturbador" e quais emoções definem esta condição de experiência.

Medo da morte, medo do amanhã, medo da fome, medo do outro, medo da doença e medo do sofrimento.

Revolta da realidade, revolta da injustiça, revolta da indiferença, revolta da existência em condição degradante.

Os possíveis antônimos da esperança estão todos presentes: desesperança, descrença, incredulidade, ceticismo, dúvida, desilusão, desengano, decepção, desapontamento, desespero.

É perturbador ler, é perturbador escrever, é perturbador ver esta realidade e viver ela dia após dia em um ritmo acelerado com cada vez  menores pausas para se respirar.

As patologias crescem, as pessoa adoecem de diferentes modos e em todas o diagnóstico da perturbação está presente.

Piora o fato de que o jornalismo e a mídia fatídica global se constituem em uma proposta da qual nenhum ser humano possui condições psicológicas de gerenciar - o relato massivo de problemas e desafios que transcendem a condição humana de superação cultivam uma condição de desamparo e desespero silencioso. Deste modo o adoecer emocional torna-se imperativo.

Inaugura-se assim uma era decisiva ao ser humano. Ele precisa decidir o que fazer com toda perturbação vivenciada. Da atitude individual aos movimentos coletivos, o imperativo é no sentido de mudanças mais intensas e reais.

Destacam-se em minha limitada compreensão as seguintes ações:

  • Aprender sobre inteligência sociemocional como uma necessidade emergente para capacitação diante da perturbação incapacitante para a vida;
  • Superar o individualismo com o exercício de resoluções conjuntas para problemas coletivos;
  • Reforçar os valores e princípios coletivos;
  • Dar o tempo necessário para avaliar o fluxo da vida e as consequências das proposição humanas;
  • De modo imperativo, não fortalecer a perturbação do mundo e não ficar indiferente por causa da perturbação continuada.

Pode parecer clichê e utópico afirmar que amar ao próximo e amar a vida em toda a sua extensão são bases efetivas de uma reconstrução. Um amor que é sentimento e que é ação, que é modo de vida.


*Ederson Malheiros Menezes - Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, MBA em Gestão de Pessoas, MBA em Coaching, Esp. em Psicologia Positiva, Esp. em Neuroeducação, Esp. em Gestão de Projetos Ágeis, Esp. em Docência no Ensino Superior, Esp. em EaD. Bel. em Administração, Licenciado em Sociologia e Bel. em Teologia. E--mail: educacaosociologica@gmail.com.