Na atualidade quando se ouve dizer
que alguém está com a cabeça nas “nuvens” pode significar pelo
menos duas coisas diferentes: a primeira delas e a até então mais
comum, significa estar com pensamentos distantes, pensando longe; já
a segunda opção, diz respeito as novas formas de arquivos digitais
que ficam hospedados em lugares muito distantes do autor, ideias em
arquivos que estão na “nuvem” ou nas nuvens, tendo em vista os
diversos lugares opcionais.
Não é difícil lembrar do tempo em
que as ideias eram registradas em papéis com caneta e lápis, depois
com a inovação tecnológica passaram a ficar armazenadas no próprio
computador, mais especificamente no HD. Alguns passaram depois do
abandono dos disquetes a usar os pendrives e HDs externos. Bom, o
fato é que agora as ideias estão nas nuvens.
Os benefícios estão diretamente
ligados ao fato de que o acesso é possível de qualquer lugar e por
pessoas diferentes simultaneamente, uma nova ordem de acesso e
edição. Por outro lado, sem a rede e sem a internet, pode o usuário
dependente da nuvem ficar sem nada em mãos.
Ainda outro fator talvez um pouco
mais misterioso é o fato de “tudo estar na rede”. Apesar dos
anúncios de segurança, sabe-se bem que nestes dias de espionagem a
segurança é algo questionável – Dilma Rousseff que o diga!
Livros de ficção dos meados de 1930 e 1940 escritos por ingleses já
apontavam “uma forma poderosa de controle intrusivo” mediado pela
tecnologia e ciência, o que faz pensar um pouco
mais sobre o assunto.
Outra observação é que a vida
está numa dimensão muito mais ampla na transição para rede e não
apenas as ideias. Os simuladores da vida crescem no sentido de que
virtualiza as mais diversas expressões humanas, práticas e até
mesmo as emoções. A ideia de simulador começa a desaparecer e
surge então a própria realidade virtual – que coisa estranha! Mas
o fato é que algumas pessoas começam a ter uma vida marcada pela
virtualidade e seus desdobramentos tecnológicos.
Pode-se então perguntar por exemplo
sobre quais são as implicações de virtualizar as subjetividades.
Certamente que a resposta terá significado ainda mais amplo quando
for perguntado acerca do destino das subjetividades humanas
virtualizadas. Não há como negar o interesse por aquilo que é mais
íntimo e pertencente a esfera “secreta” da vida humana – são
muitos os interessados nestas informações e não é difícil
imaginar as mais sombrias razões.
Quantos compreendem ou pensam sobre
isso, creio que muito poucos. Afinal, estão todos completamente nas
nuvens.
Ederson Malheiros Menezes
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