quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Cibercultura - fique atento!!!!

Você já percebeu que depois de visitar determinado site que tenha algo para vender e clicar em algum produto, o mesmo está sempre exposto para você em outros sites que você visita através de banners de propagandas?

É a vitrine virtual que te perseguirá a vida inteira, rsrsrsss. Basta dar uma olhadinha e ela nunca mais te abandonará... rsrsrs.

Apesar do riso, a questão é um tormento e revela o interesse por trás de tanto incentivo ao uso da internet e novas tecnologias da informação - coisas do mundo econômico-virtual. 

Muitos outros dados passam a ser coletados através das aventuras virtuais e transformados em oportunidades de negócio para megacorporações transnacionais que movimentam um mercado multibilionário. Os chamados medidores cibernéticos-informacionais serão o principal recurso para estas megacorporações construírem e realizarem os desejos e anseios das massas, sem necessariamente se preocuparem se aquilo é bom ou não, afinal de contas o interesse maior é o lucro.

Infelizmente, como muitos outros aspectos da cultura que são gestados pela economia, também a cibercultura está carregada de interesses predominantemente econômicos. Nesta proposta, como em outras antes da virtualização da vida, a cibergeração passa a ser formada para depender da tecnologia e do mundo virtual para tudo, uma imersividade absorvente configura o estilo de vida desta geração. 

A grande maioria não percebe a questão do controle e exploração do ser humano através desta proposta. Uma cultura tecnológica demarcada por circuitos miniaturizados e pela nanotecnologia que visa "facilitar" a vida transportando as pessoas da realidade para o virtual, efetivando cada vez mais esta nova realidade. Uma proposta de dependência crescente. 

Um mundo de prazer e utilidade é oferecido pela cibercultura, atrativo porque promove uma felicidade virtual, mais fácil de configurar do que a vida real que cada vez mais se define como algo difícil, demarcado pelo sofrimento, sem cor, brilho ou música - sem vida. Nesse processo de virtualização, da criação de um novo mundo, um novo espaço, se começa a optar por manter-se nele mais tempo do que no presencial. Desta forma, o ciberesapaço é um abrigo, refúgio para muitas pessoas. Mesmo que algo ilusório, mas temporariamente fascinante e ilusoriamente acolhedor. 

De um lado este mundo desértico, do outro um oásis mirabuloso. Abriu-se a porta para acesso e desfrute, de forma que processos antropotécnicos foram definidos para configurar uma condição psicossocial apenas a partir do âmbito virtual. Tudo é virtualizado, a própria imagem que se quer produzir de si, os relacionamentos, os sentimentos e a construção de uma nova vida - tudo virtual. A compulsão é avassaladora e a vida pode acabar quando a tecnologia desaparece das mãos ou deixa de ser acessível por algum motivo.

Isso é tão crescente que as pessoas ficam neuróticas em relação a esta proposta de nova vida. Cada anseio da vida real impulsiona para a vida virtual. Cada vez mais, o virtual determina o que sobra para o real. As pessoas são dominadas por uma ânsia de publicar, compartilhar e expor de forma compulsiva para manter sua existência no mundo virtual - uma existência anestésica, uma ficção cada vez mais inconsciente e inconsequente. 

A droga da vida virtual, que provoca dependência massiva, passa a ser distribuída sem restrição. Acessível para crianças até idosos, começa a estampar crises de abstinência quando por algum motivo inesperado, não se permite o acesso a tal "realidade". Então um aluno agride violentamente seu professor porque ele tirou seu telefone na sala de aula, ou seja, tentou tirar a vida virtual de suas mãos. Os aparelhos tecnológicos não são os únicos problemas, certo?

Ao se observar desvios de uma forma de cultura, a única saída é confrontar tal cultura e ajudar a produzir uma nova cultura, com novos valores e novas realidades. Isso pode acontecer hoje a partir do momento em que se adquire consciência das implicações e processos que envolvem a proposta atual da cibercultura. Da necessária utilização consciente dos recursos que nos são úteis, mas não podem de forma alguma assumir o controle para produzir um quadro ilusório de vida. Por isso, o caminho não é dizer "não", mas um sim diferente, consciente, orientado e resgatador da vida, com seu adequado espaço e realidade.

Pra começar, se desconecte um pouco, OK? Não estou pedindo para você desligar seu telefone ou computador, estou pedindo para você desconectar, entendeu? Faça outra conexão!

(Ederson Malheiros Menezes - teólogo e sociólogo)

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