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terça-feira, 17 de maio de 2016

Desafios da análise social ou de perspectivas da sociedade

Trabalhar com a análise social é um processo exigente e desafiador. Vou tentar eleger alguns motivos para justificar esta primeira frase:

Primeiramente, analisar requer certa metodologia. Por mais que não precisa ser algo engessado, precisa por mais simples que seja ter um ponto de partida e um ponto final. O que, apensar de aparentemente simples, não é.

Analise social é exigente em termos de trabalho. Uma boa análise precisa superar mero comentário, recorrendo a fatores que na maioria das vezes não foram contemplados. É o olhar sociológico propriamente dito, amparado conceitualmente para revelar entrelinhas despercebidas.

Por isso, análise social é um exercício crescente. Dificilmente alguém iniciado conseguirá fazer uma análise social profunda, pois a falta de experiência deste exercício sociológico também estará evidente nas limitações conceituais de abordagem. Todavia, se não continuar a fazer este exercício junto a muita leitura e pesquisa, dificilmente conseguirá fazer análises mais profundas.

Assim como pessoas maduras e experientes conseguem fazer análises mais ponderadas sobre a vida, pois a base reflexiva aumentou em si, também os sociólogos, quanto mais experiência, melhor farão suas análises. Por outro lado é perfeitamente possível surpreender-se com a análise social de um jovem pesquisador, tendo em vista, sua dedicação e habilidade.

Muitos pretendentes ao ofício de sociólogo, ainda em formação, sofrem por não conseguirem entender ou mesmo por não conseguir apreender uma ampla e vasta abordagem de diversas teorias de análise social. Mas essa experiência é inevitável, faz parte do amadurecimento o sofrer com as próprias limitações, as quais sugerem necessidade de desenvolvimento. 

Uma sugestão é começar com fragmentos conceituais, análises limitadas de fenômenos com menor evidência ou relação. Essas análises que se conectam com fenômenos maiores, de maior evidência e abrangência, no futuro serão importantes, pois constituem elementos de base para estas análises. O processo envolve a contínua leitura e reflexividade do fenômeno social, tendo em vista perceber suas relações e conexões. 

Renova-se assim a paciência e dedicação para formação de um corpo conceitual e teórico capaz não de servir de base para a análise, mas de base para a reflexividade. Pois o fazer sociologia exige que aquele que o faz, o faça de nova ou mais profunda perspectiva, dando explicações que farão parte das escolhas e novas reflexões/decisões para a vida.

Ederson Malheiros Menezes

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Uma biblioteca para a corrupção

A corrupção está no centro da crise política pela qual passa o Brasil, tendo se tornado pauta da mídia tradicional, das mídias sociais e da opinião pública nacionais e internacionais. Nesse contexto, o Grupo de Pesquisa Qualidade da Democracia do Instituto de Estudos Avançados e o Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP (NUPPs) e sua Biblioteca Internacional da Corrupção (Corrupteca)realizam este seminário no qual debatedores tratarão de déficits, desafios e propostas da democracia brasileira frente à corrupção e aprofundarão a análise das implicações da corrupção para a qualidade da democracia brasileira debatendo aspectos da transparência, responsabilização, participação popular, qualidade e relação das instituições democráticas e o papel das leis.
O evento também marcará o lançamento do Edital de Chamada de Trabalhos para a primeira edição do International Journal of Research on Corruption and Democracy - IJRCD, uma nova revista acadêmica especializada em pesquisas sobre a corrupção e suas relações com a democracia no Brasil e outros países do mundo.
Fonte: <http://www.iea.usp.br/eventos/impacto-corrupcao>

Quando a corrupção recebe destaque suficiente para a criação de uma biblioteca (Biblioteca Internacional da Corrupção (Corrupteca)), torna-se inevitável reconhecer o surgimento crescente de um indicador negativo acerca da sociedade planetária. É louvável a iniciativa da USP e outras IES no sentido de contemplar a temática. Nosso desafio é acompanhar e participar dedicadamente, de forma que a iniciativa possa alcançar a esfera local ou regional, destituindo velhos arranjos estruturais da corrupção que sugam a possibilidade da democracia se efetivar, bem como do bem comum. É um debate com antenas ligadas, pois a corrupção tem sua própria dinâmica e estratégia para recriar-se, por incrível que pareça ela é criativa tanto quanto estas novas iniciativas de confronto que está recebendo (Ederson Malheiros Menezes).